Enxaqueca, anti-inflamatórios e o risco de derrame

Riscos de medicamentos para enxaqueca

Anti-inflamatórios para enxaqueca aumentam risco de derrame.

Antiinflamatórios aumentam risco de derrame

Estudo envolvendo 116 mil usuários crônicos de anti-inflamatórios comuns no tratamento da enxaqueca e dor em geral, mostrou que o uso frequente desses anti-inflamatórios pode aumentar em várias vezes o risco de derrame e doenças cardiovasculares. O estudo foi publicado no British Medical Journal em janeiro de 2011 (BMJ 2011;342:c7086).

É comum pacientes com enxaqueca tomarem anti-inflamatórios com muita frequência, em vários casos diariamente ou quase, na tentativa de controlar a dor de cabeça.

É também comum a noção, no meio médico, de que o uso frequente de anti-inflamatórios seria preferível aos analgésicos comuns para o tratamento da dor de cabeça crônica da enxaqueca. Essa noção é baseada na premissa que o uso frequente de analgésicos comuns tenderia a causar cefaleia rebote, ou seja, uma dor de cabeça que reaparece assim que o efeito do analgésico passa, e desse modo perpetuando o uso diário do analgésico.

O estudo em questão é de um tipo chamado meta-análise, considerado o mais confiável possível em termos de medicina baseada em evidências. Foram estudados 7 anti-inflamatórios:

  1. Diclofenaco (mais conhecido pelos nomes comerciais Voltaren, Cataflam, Tandrilax, Beserol entre muitos outros – em caso de dúvida, verifique na bula);
  2. Ibuprofeno (exemplos: Advil, Alivium, Dalsy);
  3. Naproxeno (principais nomes comerciais Naprosyn e Flanax);
  4. Celecoxib (nome comercial Celebrex);
  5. Etoricoxib (nome comercial Arcoxia);
  6. Rofecoxib (retirado do mercado, nome comercial Vioxx); e
  7. Lumiracoxib (nome comercial Prexige).

Todos eles mostraram risco aumentado de derrame, infarto e doenças cardiovasculares. Obviamente não puderam ser estudados todos os anti-inflamatórios que existem no mundo, porém não há motivo para pensar que os demais anti-inflamatórios existentes não apresentem graus variados do mesmo problema.

Já era sabido que a enxaqueca traz consigo um risco aumentado de acidente vascular cerebral (conhecido popularmente como derrame. Quanto desse risco pode ser devido não à doença enxaqueca propriamente dita, mas sim ao uso crônico de anti-inflamatórios por parte de inúmeros portadores de enxaqueca?

Quem é menos pior? Anti-inflamatórios ou Analgésicos?

Nenhum dos dois. Ambos são prejudiciais, cada um à sua maneira.

Embora seja prevalente a noção de que “analgésicos provocam muito mais cefaleia rebote que anti-inflamatórios”, esta constatação pode ser resultado do fato que a imensa maioria dos analgésicos utilizados por quem sofre de enxaqueca contêm cafeína. Esta sim, pode provocar dor de cabeça em muitos usuários frequentes quando a dose habitual é suprimida.

Então, fica a pergunta: quem é o verdadeiro responsável, na prática, pela cefaleia rebote? Minha constatação, após décadas de prática clínica, é que a cafeína incluída na composição tem uma ação negativa muito maior que o analgésico propriamente dito, na transformação da dor de cabeça da enxaqueca em diária.

Não quero dizer que analgésicos sejam “melhores” que anti-inflamatórios. Só estou tentando mostrar que analgésicos – sem cafeína – podem não ser “piores” que anti-inflamatórios, e que ambos, mesmo sem adição de cafeína, estão associados a sérios riscos para a saúde.

Então, o que fazer para evitar anti-inflamatórios e analgésicos?

Como médico esta pergunta já me passou pela cabeça há décadas, frente a portadores de enxaqueca e dor de cabeça crônica. A resposta inevitável é: analgésicos, anti-inflamatórios e outros remédios para dor até podem ser úteis e eficazes numa fase inicial, mas com o passar do tempo tendem a perder o efeito, ao mesmo tempo em que seu uso tende a aumentar em frequência e os riscos inerentes ao uso crônico e cada vez mais frequente vão aumentando.

Infelizmente, devido à falta de informação, a maioria dos sofredores de enxaqueca e dor de cabeça crônica não conhecem e não se apercebem desses riscos. Continuam “administrando” as dores de cabeça com analgésicos e/ou anti-inflamatórios, cafeína e outros remédios de efeito imediatista, às vezes por anos a fio, sem a preocupação em conhecer e aplicar possíveis ações em seu modo de vida do dia-a-dia, que possam ajudar a prevenir essas dores de cabeça.

O interesse pela prevenção costuma surgir apenas quando diminui o efeito dos analgésicos e anti-inflamatórios, utilizados, até então, para “administrar” a dor de cabeça, muitas vezes por conta própria, sem acompanhamento médico. E para essa prevenção, são oferecidos, quase sempre como única solução, antidepressivos, anticonvulsivos e outras drogas com outros riscos e efeitos colaterais.

A melhora passa além dos anti-inflamatórios e analgésicos.

Face à pergunta inevitável – “O que fazer, então?”, aqui vai minha resposta:

Para uma melhora verdadeira, “de dentro para fora”, não existem soluções imediatistas e simplistas. Cada vez mais, essas soluções se mostram arriscadas e ineficazes a longo prazo.

O trabalho do médico no dia-a-dia com os pacientes, deveria ser aliar orientações práticas e sistemáticas de mudanças nos hábitos e estilo de vida – sono, alimentação, gestão das emoções e do movimento – que possam influenciar positivamente a causa da doença, às intervenções que sejam as menos agressivas e mais eficazes possíveis – e que não necessariamente incluem antidepressivos, anticonvulsivos e outras drogas.

Terapias com Hipnose também podem ser excelentes aliadas nos tratamentos não apenas de dores de cabeça como de várias outras dores, sobretudo aquelas de fundo emocional. Que tal conhecer um pouco sobre Hipnose e Hipnoterapia agora? É só clicar aqui!

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Fonte: http://www.enxaqueca.com.br/blog/antiinflamatorios-enxaqueca-derrame/ 

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Sobre o Autor

Prof. Sergio Enrique Faria

Dr. Sergio Enrique Faria é diretor do Estúdio da Mente. Neurocientista, Membro da Sociedade Brasileira de Neurociência e Comportamento e do Grupo de Estudos de Hipnose da UNIFESP. Doutor em Ciências da Educação, Mestre em Comunicação, Psicanalista, Parapsicólogo, Hipnoterapeuta e Neuroeducador com especializações em Neurociência Clínica e Educacional, Neuropsicologia, Neuropsicopedagogia, Psicanálise Clínica, Didática e Metodologia do Estudo. Trainer e Master Practitioner com formações internacionais em Hipnose e em PNL – Programação Neurolinguística. Líder de Aprendizagem certificado pela Harvard University (EUA). Professor de Hipnose e PNL. Palestrante e Professor em cursos de MBA e Pós-graduação em grandes universidades. Autor e coautor de livros e mais de 150 artigos em jornais e revistas.

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